28.7.09

Revista MORDAZ - Ed. Julho



Matéria de Capa: POR QUE A POBREZA NUNCA IRÁ ACABAR? O que os maiores pensadores acham.

e + Zoofilia, Terrorismo, P.I. , Palavrões e Pirataria.

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21.7.09

(Miniconto): CLOVIS


Escrito por Helena Teles.


Clovis não foi amamentado no peito materno quando nasceu. Madalena se sentia mal com um menino pendurado em seus seios tão belos.

Alertado pelo médico, como toda criança que não recebe peito materno, Clovis ficou com sequelas. A pior delas é não poder ver um peito que logo cai de boca.

Pobre Clovis.


14.7.09

* * *


A violência gera compreensão de acordo com os fascistas.
A violência gera lucro para os capitalistas.
A violência gera votos.
Ela gera filhos bastardos por aqui.

7.7.09

(Conto): OLHO


GUSTAVO AIDÁ sofre um pouco na escola, coitado. Aos onze anos os outros ainda lhe enchiam com a brincadeira besta de sempre com o seu nome:
- O Gustavo Aí Dá – e riem.
- O Gustavo aqui dá e Aí Dá também – e riem.
Você sabe, as crianças são perversas. E como é um tanto ingênuo pergunta: “o quê” e as crianças respondem: “o cú”. E riem mais.
Moleques são bestas mesmo, não? E quando não é pelo motivo do nome é pelo olho. Gustavo aos três anos foi atacado por um cachorro, um pequeno vira-lata que lhe mordeu a cabeça e seu olho esquerdo foi ferido tão seriamente que não houve outro jeito além de amputá-lo. Desde então Gustavo usa um olho de vidro. Mentira. Ele conta isso para que os outros tenham dó mas logo sua mãe o desmente. Na verdade quando ele tinha três anos ele tentou cortar os cílios com uma tesoura e rasgou o olho esquerdo. É bem menos heróico e mais estúpido, quem não fez alguma estupidez quando criança? Não como essa, claro. Eu cortei a orelha do meu primo Dinho, não decepei, mas... esquece, essa não é minha história é a de GUSTAVO AIDÁ, um menino que sofre um pouco na escola. Coitado.
Quando os moleque começam a rir dele, começam a rir muito, ele perde as estribeiras, grita até doer a garganta e tira seu olho esquerdo de vidro para assustar os meninos e meninas, primeiro pelo olho na ponta dos dedos e depois pelo buraco que ele tem na face. Gustavo aproxima bem do rosto do Marcos, um dos moleques mais chatos, que grita desesperado de medo, grita muito. Gustavo gargalha como uma bruxa clichê de filme infantil, aliás, foi nos filmes infantis que ele aprendeu a se vingar. O herói finge que é bom só para que os vilões, que geralmente são idiotas, sejam punidos, ou seja, mortos pela moral do politicamente correto e as pessoas concordam com isso, acham legal até. Gustavo espera ansiosamente pela morte de seus vilões.
Enquanto não acontece, ele assusta, mas assusta tanto que muitos vomitam no pátio da escola e até uma das garotas desmaiar, a mais bonita e simpática por sinal. Gustavo vai para a diretoria, não adianta mais assinar advertências. Sua mãe o busca depois do expediente e dá leves tapas na cabeça do trajeto até em casa. Não pode ser muito forte senão o olho cai. Em casa ela pega o olho de vidro e o esconde.
- Você está de castigo, Gustavo – diz a mãe brava e arrancando o olho de vidro da face do filho – você está de castigo por três semanas.
Ela esconde o olho. Gustavo nunca consegue descobrir onde é o esconderijo. Terá que ir para a escola com o tapa olho. O que geralmente o deixa com vergonha e por isso não irá a escola amanhã.

(Gilberto Caetano)

Veja também:

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