Mulher negra, bem vestida, microempresária, chega em um hospital de classe media alta na Av. Paulista, para retirar alguns exames. A moça simpática da portaria lhe informa:
- A senhora tem que ir para o primeiro subsolo para retirar exame. É só pegar o elevador ao lado.
A mulher entra no elevador e ao observar não tem escrito primeiro subsolo, e também não tem informação em qual andar ela está.
Neste instante entre um homem com traços orientais escrevendo algo no celular, aperta o terceiro andar e continua escrevendo no celular e ela logo lhe pergunta.
- Por gentileza, o senhor sabe qual andar aperto para o primeiro subsolo?
Durante a pergunta entra uma senhora, branca, com cabelos loiros com um coque muito bem feito e aperta o cinco.
O senhor para de escrever no celular e observa a mulher negra, seu olhar vai desde o cabelo até os pés e lhe pergunta:
- Você quer ir ao vestiário?
A mulher negra meia sem jeito e nervosa com a pergunta do senhor responde:
- Sou paciente deste hospital. Sabe senhor, eu posso ser paciente deste hospital também.
O senhor, sem palavras, abaixa a cabeça e sem responder nada continua mexendo em seu celular.
A senhora branca logo percebe a situação constrangedora e responde:
- Moça o subsolo fica no menos um. E aperta o botão para ela.
O senhor desce e em seguida a senhora também.
A mulher negra fica sozinha no elevador até o subsolo refletindo se poderia ter feito mais ou diferente nesta situação.
Apesar da pequena resposta se sentiu orgulhosa, com quase 40 anos é a segunda vez que conseguiu responder a altura para um ato de racismo. Nas outras não teve coragem, não conseguiu responder, se sentiu reprimida.
Agora orgulhosa de si, levanta a cabeça e sai do elevador para pegar seus exames.
Não foi a primeira e nem será a última que estará em locais que para algumas pessoas não poderia estar, mas agora esta preparada, está empoderada.
Será que ele achou que ela era médica?
...
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